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Agricultores usam drones para prevenir e combater pragas em lavouras do ES

Não é de hoje que a tecnologia tem sido uma aliada dos produtores rurais de várias partes do país. No Espírito Santo, em Marechal Floriano, na Região Serrana, o uso de drones foi adotado para combater pragas e monitorar os cinco hectares de café arábica de uma lavoura. Mas não para por aí! A tecnologia também tem sido utilizada na pecuária, em pesquisas e ações de fiscalização.

São os equipamentos que pulverizam os produtos necessários para o desenvolvimento dos 26 mil pés de café na propriedade de José Carlos Velten.

Até o ano passado, o próprio agricultor fazia o combate às pragas e a adubação de forma manual. Com mais mais de 30 quilos de material e equipamento nas costas, além do risco de intoxicação, nem sempre o resultado esperado era obtido.

Drone usado em propriedade rural do ES — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Drone usado em propriedade rural do ES — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Por ano, a produção no cafezal é de 150 sacas, porém, em 2022, quase metade da produção foi perdida e foram colhidas apenas 70 sacas devido ao problema da “phoma”, doença causada por um fungo que ataca os pés de café, provocando manchas na folhagem, lesões nos ramos e perda dos grãos durante a formação.

A tecnologia, além de acabar com a doença, também reduziu o gasto do produtor. Além disso, com a pulverização com drone, em dois meses, as plantas estão mais saudáveis e José Carlos vai conseguir recuperar a produção.

José Carlos Velten, agricultor da região Serrana do ES — Foto: Reprodução/TV Gazeta

José Carlos Velten, agricultor da região Serrana do ES — Foto: Reprodução/TV Gazeta

“Fiquei sabendo do uso do drone e a gente começou a utilizar. Graças a Deus está dando um resultado bom pra gente, pra saúde da gente, a gente não tá ali em contato com o produto, não tá gastando produto demais na lavoura, então foi bem interessante. Aqui o meu custo, se eu fosse fazer manual, ou fosse pagar alguém pra fazer, eu ia gastar três, quatro vezes mais que no drone. O drone, além dele ser eficaz, ele é bem mais barato”, disse o produtor.

 

ES é 2º do país em ranking de operadores de drone agrícola

 

Drone em lavoura de café no ES — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Drone em lavoura de café no ES — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Ao todo, o Brasil tem 146 operadores e 23 entidades autorizadas a oferecer o curso de aplicação de aeroagrícola remoto.

De acordo com o Ministério da Agricultura, o Espírito Santo é o segundo estado brasileiro com maior número de operadores de drone agrícola registrados. São 28, e o estado capixaba fica atrás apenas de São Paulo, que tem 36 operadores.

Minas Gerais ocupa a terceira posição no ranking, com 15 operadores.

Operadores de drone agrícola no Brasil

Região Posição no ranking Total
São Paulo 36
Espírito Santo 28
Minas Gerais 15
Brasil 146

Para ser operador de um drone agrícola é necessário:

  • Fazer um curso em alguma entidade registrado no Ministério da Agricultura;
  • Depois de aprovado, ele deve se registrar no Ministério da Agricultura;
  • Para conseguir o registro, o operador precisa de responsável técnico encarregado pela coordenação das atividades específicas de sua área de atuação.

Pela legislação, a pulverização não pode ser feita perto de locais de preservação ambiental.

Formado em Engenharia Civil, Tiago Pessin é o responsável pela operação do drone na propriedade de José Carlos Velten. Ele disse que antes do voo é feito um mapeamento da região para que a aplicação do adubo químico ou defensivo agrícola seja precisa.

O processo começa na escolha do local de pouso do equipamento. A área precisa ser compatível com o tamanho do drone.

“Existem produtos que têm restrição de aplicação em determinadas áreas. Então, primeiro é feita uma avaliação. Estando enquadrado, não sendo uma área de preservação, respeitando-se o meio ambiente, sim, toda propriedade pode utilizar dessa tecnologia hoje, com a virtude de um drone dessa natureza. Hoje, a gente consegue com o emprego dessa tecnologia fazer essa área ser rentável e agregar valor à essa propriedade”, disse Tiago.

 

O voo é automatizado. O drone faz tudo sozinho, mas o operador precisa ficar atento. As condições do tempo vão determinar a eficácia da aplicação.

Tiago Pessin é o responsável pela operação do drone na propriedade de José Carlos Velten, em Marechal Floriano, ES — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Tiago Pessin é o responsável pela operação do drone na propriedade de José Carlos Velten, em Marechal Floriano, ES — Foto: Reprodução/TV Gazeta

“Vento, temperatura, umidade relativa do ar, isso são fatores de extrema importância. Não se aplica defensivo fora dessas condições climáticas ideais. Isso é muito importante”, disse.

 

Não é só na pulverização que o drone tem se mostrado eficaz para agricultura de precisão. O equipamento também tem a capacidade de dispersar sementes.

“Para os produtores de região de montanhas, até então os métodos tradicionais eram a lanço manual ou a matraca. Um hectare gastava-se dias pra fazer. Com o drone, a gente consegue em questão de minutos dispersar na área desejada. E a questão das câmeras, elas são muito importantes na hora da operação do drone. Como as elevações são muitas, eu preciso desse auxílio das câmeras frontal e traseira pra fazer realmente o ajuste do drone em relação ao relevo, pra que esse voo tenha a qualidade e a eficiência maior, porque nós queremos uma velocidade e altura de voo constantes dentro daquela área”, disse.

Os produtos aplicados na lavoura são indicados por técnicos agrícolas que vão até a propriedade, fazem todo o levantamento do que tem que ser usado, o tipo de adubação e o tipo de doença que tem naquela lavoura.

Com o diagnóstico, o produtor vai contratar uma empresa credenciada para usar o drone na pulverização e, assim, fazer o controle fitossanitário e também uma adubação foliar. Ubaldino Saraiva, pesquisador do Incaper, disse que o drone também tem sido adotado em outros cultivos.

“O produtor tirou esse peso das costas e agora está usando a tecnologia do drone. No Espírito Santo, o café conilon também está usando essa tecnologia do drone, o produtor de tomate tá pulverizando as lavouras de tomate com o drone. Inclusive, o pessoal da banana também tá usando”, disse o pesquisador.

 

Drones são utilizados em ações de fiscalização, pecuária e em pesquisas

 

Drones também são usados na pecuária no ES — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Drones também são usados na pecuária no ES — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Em março deste ano, o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) do estado divulgou a utilização de drones em ações de fiscalização. Ao todo, 65 equipamentos estão em uso. Por meio dos drones, é possível identificar áreas desmatadas e outras irregularidades em locais de difícil acesso.

Os drones também são utilizados na pecuária porque facilitam o monitoramento, contagem e também auxiliam na procura por animais perdidos e avaliação das condições do pasto.

Em pesquisas no campo, no Sul do estado, pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) já utilizam drones em estudos. Programas de computador ajudam a analisar as imagens aéreas e identificar o estado nutricional das lavouras e a qualidade da adubação.

Pesquisadores do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) também utilizaram drones em pesquisas sobre a qualidade da pimenta-rosa no Norte do estado.

Pimenta-rosa monitorada por drone no ES — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Pimenta-rosa monitorada por drone no ES — Foto: Reprodução/TV Gazeta

O equipamento tem uma câmera que capta características que não são identificadas pelo olho humano. No computador é possível avaliar a situação do solo e a maturação dos frutos.