O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES) denunciou, nesta terça-feira (17), quatro pessoas por envolvimento no assassinato do ex-perito da Polícia Civil e presidente do Jockey Clube, Celso Marvil
De acordo com o MPES, os denunciados são:
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Wenos Francisco dos Anjos (conhecido como “Kaleu”): sargento do Corpo de Bombeiros;
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Wesley Francisco dos Anjos (conhecido como “Té”): sócio do clube e irmão de Wenos;
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Milton Cândido da Silva Filho (conhecido como “Miltinho”): gerente do Jockey Clube; e
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Lucas dos Santos Lage: soldado da reserva da PM, que prestava serviços para o Jockey
Inicialmente, foram presos, o gerente do Jockey Clube e o soldado da reserva da PM.
A denúncia do MPES diz que o assassinato, que aconteceu em agosto do ano passado, está ligado à venda do Jockey Clube por dezenas de milhões de reais, valor que seria dividido pelos sócios cotistas.
Na nuvem do WhatsApp de Celso, constava documento com proposta de venda no valor de R$ 148 milhões.
“Algum tempo atrás, parte do terreno do Jockey Clube havia sido vendida por cerca de trinta e oito milhões de reais, gerando insatisfação em sócios que haviam tido seu título cancelado, pouco antes, por ato de Celso, dentre eles Wenos, que nada havia recebido na venda anterior, certamente não receberia na próxima, de valor muito superior”, diz a denúncia do MPES.
A denúncia diz ainda que em áudios resgatados do celular de Wenos, o militar chama Celso de bandido e vagabundo e diz que a hora dele ia chegar.
“Bandido, rapaz. Isso é um bandido. Vagabundo, não vale porra nenhuma esse cara. Filha da puta, mas a hora dele vai chegar… uma hora ele vai se foder”, diz o áudio descrito na denúncia do MPES.
Por essa razão, Wenos se uniu ao irmão e aos outros dois denunciados para assassinar Celso pelo prejuízo que entendia ter sofrido e para lucrar com a participação na futura venda.
O g1 tentou contato com a defesa dos denunciados, mas não havia obtido retorno até a última atualização deste texto.
Mais de 200 horas de imagens de câmeras analisadas
Na denúncia, a Promotoria de Justiça Criminal de Vila Velha, também cita o passo a passo identificado por meio de câmeras de segurança de vítima e denunciados assim como a troca de mensagens e histórico de localização dos aparelhos celulares, o que demonstra que o crime foi planejado.
Ao todo, foram analisadas mais de 200 horas de imagens de câmeras de videomonitoramento de locais próximos, todas contidas nos autos do inquérito policial.
Para o MPES, o crime foi praticado à traição e de forma premeditada e por motivo torpe.
Caso sejam condenados, os denunciados também responderão por outros crimes, entre eles, terem subtraído o anel de ouro do perito; fraude processual, por terem manipulado o local do crime, de onde foram retirados o corpo e outros vestígios e evidências.
O grupo também vai responder pelo crime de ocultação do cadáver da vítima e por eliminar dados dos telefones celulares na tentativa de dificultar as investigações e induzir peritos e juiz ao erro.
Perito desapareceu em agosto
Celso Marvila desapareceu no dia 3 de agosto de 2022. O carro dele foi encontrado incendiado em uma estrada de Xuri, em Vila Velha, na Grande Vitória.
A estrada serve de acesso a algumas propriedades rurais. Moradores da região contaram que, por volta de 20h, pessoas passaram e viram o carro em chamas, mas não havia ninguém dentro dele.
No dia do seu desaparecimento, Celso chegou a falar com um conhecido por volta de 18h, mas, em seguida, não deu mais notícias.
No mesmo veículo, foi encontrado um celular completamente destruído.
De acordo com a polícia, não resta dúvidas de que o perito foi assassinado. Apesar disso, o corpo dele não havia sido encontrado até a publicação deste texto.
Investigação
Em imagens divulgadas em dezembro pela Polícia Civil, quando os quatro suspeitos foram presos, um carro vermelho de um dos suspeitos aparece dentro do Jockey Clube, local onde o perito foi morto, segundo a polícia.
Outros registros mostram o momento em que o carro de Celso Marvila chegou ao local, no dia do crime.
Quem é Celso Marvila?
O perito oficial criminal Celso se aposentou em março de 2020, após trabalhar por mais de 42 anos na Polícia Civil.
Celso era presidente do Jockey Clube do Espírito Santo e frequentador assíduo do centro hípico localizado em Itaparica, em Vila Velha.
No dia do desaparecimento, ele completou um ano no então mandato como presidente do clube.
No entanto, esta não era a primeira gestão do perito aposentado como dirigente do Jockey.
G1 ES