No boletim de ocorrência registrado na Polícia Civil sobre o caso em que o jovem Weliton da Silva Dias, de 24 anos, foi baleado e morto com um tiro no peito por um policial militar, no último sábado (2), consta a informação de que a vítima estava armada e de que uma submetralhadora foi apreendida.
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O fato aconteceu no bairro São José, na região da Grande São Pedro, em Vitória. Em um vídeo registrado por uma câmera de segurança é possível ver que o jovem levanta os braços em um movimento de rendição. Mesmo assim, ele é baleado. O vídeo não é claro, mas não é possível ver arma na cena.
No entanto, de acordo com a descrição do boletim, o policial militar que atirou no rapaz relatou que avistou Weliton portando um armamento em bandoleira, ou seja, uma arma presa por uma espécie de correia. Ao ser visto, ele teria corrido em direção a um beco e foi perseguido pelos policiais.
“O cabo visualizou o indivíduo fazendo movimento que levava a crer que atiraria contra o militar, colocando a vida do policial em perigo iminente, que dado as circunstâncias, em respeito às normas vigentes, e para assegurar a sua vida, o cabo efetuou dois disparos contra o indivíduo, conforme doutrina praticada na PMES, que caiu ao chão, sendo assim possível aproximar-se do agressor, a fim de recolher o armamento que estava em sua posse, quando percebeu que a arma estava em bandoleira, sendo necessário cortar a bandoleira para retirar o armamento”, diz o boletim de ocorrência.
Na mesma ocorrência, um barbeiro de 23 anos foi baleado na perna ao tentar socorrer Weliton. O homem, que preferiu não ser identificado, deu sua versão dos fatos.
“Fui em direção ao acontecido e não cheguei nem perto do local. Foi quando um policial botou a mão no meu peito, tentou me dar uma coronhada e eu tirei a mão dele e perguntei se ele estava doido, ele pegou e atirou na minha perna. Chegando do serviço e trabalhando a semana toda pra chegar em casa e tomar um tiro de graça”, disse a vítima.
Caso será investigado
O secretário estadual de Segurança Pública do Espírito Santo, Márcio Celante Weolffel, informou que as diferentes versões contadas sobre o caso serão apuradas em um inquérito aberto pela Corregedoria da Polícia Militar. O inquérito deve ser concluído em 60 dias. Depois, será encaminhado à Justiça Militar.
A morte também é investigada pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
Segundo a polícia, Weliton já havia sido preso oito vezes por crimes como tráfico de drogas, posse ilegal de arma e desacato a autoridade.
O secretário falou sobre como deve ser a ação de um PM nas ruas.
“Se ele está correndo risco, sua atuação é disparar para cessar a injusta agressão. Se a injusta agressão cessar, encerra-se ação. O correto seria atirar na parte superior ou nas pernas. Mas ele tem que decidir e para isso ele é treinado sim. O policial tem que entrar numa ocorrência pra preservar a vida dele e das pessoas que estão no local”, explicou.
Os policiais foram temporariamente afastados de suas funções nas ruas. Durante o afastamento cautelar, eles podem realizar somente serviços administrativos.
G1 ES