Para especialistas, embora esse seja um comportamento natural e esperado da doença, a nova fase exige manutenção dos cuidados e ampliação da testagem.
Apesar de os números da Covid-19 começarem a indicar uma tendência de estabilização em algumas cidades, pesquisadores alertam para o avanço da doença no interior do Espírito Santo e os desdobramentos necessários na área da saúde. Para especialistas, embora esse seja um comportamento natural e esperado da doença, a nova fase exige a manutenção dos cuidados de prevenção e ampliação da testagem.
Os cálculos e projeções dos matemáticos do Núcleo de Estudos Epidemiológicos da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) são feitos com base nos números extraídos do inquérito sorológico feito pelo Governo do Estado, que testa a população.
Na mais recente previsão, a pesquisa aponta que no dia 8 de julho o Espírito Santo pode chegar a mais de 2,6 mil mortes. Até esta sexta-feira (26), foram registrados 1.507 óbitos.
“A cada etapa do inquérito, a gente faz uma nova estimativa e observa, pelos óbitos, como está caminhando a curva de contágio”, explicou o professor Etereldes Gonçalves Júnior.
Projeções apontam a possibilidade de o ES chegar a 2,6 mil mortes até 8 de julho — Foto: Reprodução/ TV Gazeta
Para ele, os números sugerem que a Grande Vitória já viveu o pico de curvas de casos ativos de coronavírus, mas os municípios do interior estão em “atraso” na evolução da doença, e ainda em crescimento.
“No Espírito Santo, a gente tem uma população mais homogênea na Grande Vitória. Então, já deve ter passado esse pico da curva de casos ativos, pelo que a gente tem observado. No interior, isso deve ocorrer em outro momento. Por motivos naturais da doença. Ela sai da capital e vai para o interior. Lá, ela chega mais tarde”, justificou.
De acordo com a epidemiologista Ethel Maciel, a finalização da quarta fase do inquérito sorológico indica que o interior está com taxa de contaminação de 1,7, aproximadamente. Isso significa que 10 pessoas infectadas contaminam 17, que contaminam outras 29.
Esse índice, conforme ela explica, está maior que a do Espírito Santo, que é de 1,3, e na Grande Vitória, com 1,2.
Por isso, Ethel acredita que o interior deve receber um reforço nas estratégias de saúde adotadas no enfrentamento à pandemia. Uma grande preocupação é a falta de hospitais nesse municípios.
“Como os casos de Covid-19 evoluem muito rápido, a preocupação é que as pessoas possam morrer antes de chegar a um hospital. O que a gente precisaria fazer para evitar isso? Um fortalecimento da atenção primária. É importante nesse momento que a gente tenha uma ampliação de testes no interior para entender melhor como está acontecendo a transmissão”, disse.
Ethel ainda explica que o momento ainda não é seguro para a flexibilização dos cuidados em todas as regiões do estado.
“A gente está estabilizando alto. Toda taxa de contaminação acima de 1 é preocupante. Nós estamos caminhando para uma desaceleração, mas ainda com o número de mortes muito alto. Ainda preocupa, nós precisamos manter todas as medidas de prevenção nesse momento que ainda não tem uma vacina”, finalizou.
Números
Na atualização desta sexta-feira (26), o Painel Covid do Governo do Estado aponta que o Espírito Santo tem 41.652 contaminados. O número de mortes causadas pela Covid-19 chegou a 1.507. Os pacientes já curados somam 24.660.
Já os resultados estatísticos da quarta etapa do inquérito sorológico, realizado entre os dias 22 e 24 de junho em 27 municípios capixabas, apontam uma prevalência de 9,61% da população infectada, o que representa uma estimativa populacional de 386.193 pessoas no Espírito Santo que tiveram contato com o novo coronavírus.
A estimativa populacional mais que triplicou comparada aos resultados da primeira etapa da testagem, realizada entre os dias 13 e 15 de maio, que apontou a prevalência de 2,1% da população infectada – uma estimativa de 84.391 pessoas no Espírito Santo.
Na terceira etapa a prevalência foi de foi de 7,36% da população infectada e uma estimativa de 295.773 pessoas.
g1 es