Os casos de abuso sexual e pedofilia no Espírito Santo são alarmantes. A cada ano, os inquéritos envolvendo crimes de natureza sexual contra crianças e adolescentes crescem com uma porcentagem assustadora. Em 2014, a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) concluiu 350 inquéritos. Em 2016 foram 1.050, um aumento de 200% em apenas dois anos.
O índice de presos e condenados por estes crimes no Estado é tão alto que praticamente um presídio inteiro tem sido ocupado pelos acusados, que não podem ficar misturados com presos que cometeram outros crimes. A informação foi obtida com exclusividade pela Rádio CBN Vitória.
O Presídio Estadual de Vila Velha V (PEVV V), localizado no Complexo de Xuri, atualmente tem 1116 presos, sendo 70% deles detidos pelos crimes de estupro de vulnerável, aliciamento de menores e pedofilia.
Crimes como esses são tão cruéis que não são aceitos nem mesmo pelos próprios criminosos. Por esse motivo, os acusados de crimes sexuais ficam em celas separadas. No entanto, o delegado titular da DPCA, Lorenzo Pazolini, diz que o número de condenados e presos aguardando julgamento é tão grande que uma cela por presídio já não suporta a demanda. Agora, segundo o delegado, praticamente todo o Presídio Estadual de Vila Velha V (PEVV V) é utilizado para encarcera-los.
“Em razão do aumento das prisões, ficou inviável manter esses internos em alas de presídios. Esses internos ficavam em presídios separados dos demais. Hoje não. Atualmente temos um presídio unicamente destinado para esse fim. Um presídio que só recebe presos condenados ou ainda não condenados, mas que estão presos pelo estupro de vulnerável, por crimes de natureza sexual”, explicou.
Segundo o delegado, uma característica que chama atenção é que quase todos os abusadores são conhecidos das vítimas. Na Grande Vitória, treinador de futebol, funcionário público, motorista de van escolar, além de parentes, como tios, primos, pais e padrastos, foram presos por envolvimento em crimes de natureza sexual. “A maioria absoluta dos estupros, mais de 90%, são cometidos por pessoas que convivem com a vítima. É alguém que a vítima conhece, seja ela parente, amigo de um parente ou quem mora perto. Mas é sempre quem já conversou ou esteve anteriormente com a vítima”, concluiu.
Lorenzo destaca que os casos de abusos sexuais contra crianças e adolescentes no Estado mantém a mesma média ano após ano, porém, ele ressalta que por causa do empenho dos profissionais que trabalham na DPCA, mais inquéritos são concluídos a cada ano que passa. “Com a motivação da equipe de policiais, conseguimos comprovar a resolutividade dos inquéritos. Isso significa que mais inquéritos estão sendo concluídos e as condenações estão sendo efetivadas pelo judiciário”, afirmou.
Segundo a secretaria de Estado da Justiça, o número de presos no sistema prisional capixaba por crimes sexuais representa 5,7% da população carcerária.
CBN VITORIA