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Autor de chacina com 5 mortes no ES diz que crime foi motivado por disputa envolvendo terreno.

Homem foi preso e confessou o crime. Segundo a polícia, ele estava sob efeito de cocaína no dia das mortes e inventou um sequestro como tentativa de álibi. Preso trabalhava como motorista de aplicativo e o carro utilizado no crime é o mesmo usado para atender passageiros.

O homem preso como autor da chacina que deixou cinco mortos durante um churrasco no bairro Darly Santos, em Vila Velha, na Grande Vitória, no último sábado (16), confessou o crime à Polícia Civil. Saulo da Silva Abner, de 25 anos, contou que a chacina foi motivada por uma disputa de terreno na região.

A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) informou que a prisão realizada na segunda-feira (18) foi uma ação conjunta das polícias Civil e Militar e da Guarda Municipal. O carro utilizado no crime foi identificado pelas câmeras da Prefeitura de Vila Velha e vinha sendo monitorado desde o dia do crime.

O homem contou que depois de invadir um terreno no bairro ficou sabendo que três pessoas teriam invadido o mesmo terreno e estavam no churrasco que acontecia no sábado.

Saulo da Silva Abner, de 25 anos, preso suspeito de ser o atirador de chacina — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Saulo da Silva Abner, de 25 anos, preso suspeito de ser o atirador de chacina

De acordo com o secretário de Segurança Pública, Alexandre Ramalho, Saulo tem passagens por tráfico de drogas, posse ilegal de arma de fogo e munição e Lei Maria da Penha. Ele usou cocaína antes de cometer o crime, de acordo com a polícia.

“As imagens mostram que ele passa diversas vezes em frente ao local onde estava acontecendo o churrasco, estaciona, desembarca, passa andando, vai até o portão, pratica o crime. Depois, volta andando calmamente, passa, ameaça as pessoas que se divulgassem as imagens voltaria pra matar todo mundo”, contou o secretário.

Morreram na chacina a professora de inglês Elaine Cristina Machado, de 49 anos; o feirante Felipe dos Santos, de 31; o líder comunitário José Querino Filho, de 59; o aposentado Claudionor Liberato, de 59, e José Roberto, de 40.

Além dos cinco mortos, outras quatro pessoas foram baleadas. Duas delas receberam alta e duas seriam um dos alvos de Saulo, além do líder comunitário. Não há informação sobre o estado de saúde dos outros dois homens feridos no ataque.

Álibi

 

Para fugir da polícia, ele criou um álibi. Foi até a delegacia e registrou um boletim de ocorrência informando ter sido sequestrado por três homens. Ele contou ainda que teve R$ 10 mil roubados e foi trancado no porta-malas depois de ficar três horas rodando no carro sob ameaças dos supostos sequestradores.

O delegado da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Tarik Halabi Souki, disse que Saulo trabalhava como motorista de aplicativo e o carro utilizado no dia do crime era o mesmo usado para atender os passageiros.

De acordo com o delegado, ele conhecia a professora de inglês morta na chacina e contou que tinha intenção de fazer aulas com ela.

“Ele informou com detalhes que fez o boletim criando um álibi, foi ao local antes para ver o terreno. Ele explicou que invadiu o terreno em Darly Santos e foi ao local pra ver como estava seu lote e percebeu que três alvos que invadiram o lote estavam no churrasco. Ele resolveu executá-los. Disse que mirou nos três mas como corriam de um lado para o outro acertou as outras pessoas que estavam no local”, contou.

 

Quatro das cinco vítimas de chacina em Vila Velha — Foto: Reprodução/TV Gazeta

Quatro das cinco vítimas de chacina em Vila Velha

Fuga

 

Depois de monitorarem por dois dias o paradeiro de Saulo, policiais montaram uma campana no bairro Primeiro de Maio. Quando percebeu a presença dos policiais, ele tentou fugir ate ser capturado dentro do armário de uma casa.

“Ele entrou na casa, subiu no muro dos fundos depois de vir pulando de telhado em telhado. No caminho chegou a deixar um telefone. Como percebe que estava cercado, ficou no interior do imóvel. Os moradores com medo, ficaram acuados”, disse.

Com ele, foram apreendidas uma espingarda e munição. A pistola calibre 380 utilizada no crime foi vendida em uma feira. Ele foi autuado pelo homicídio das cinco pessoas e tentativa dos quatro feridos, além de posse ilegal de arma de fogo e munição.

A reportagem tenta contato com a defesa do preso.

Moradores lamentaram as mortes

 

“Sempre corria atrás para poder ajudar a comunidade. Ele era uma pessoa bacana. Todo mundo gostava dele também”, disse uma moradora que preferiu não ser identificada sobre a morte do líder comunitário José Querino Filho.

Sobre a morte da professora de inglês Elaine Cristina Machado, um morador que também não quis ser identificado disse que ela morreu porque queria proteger o filho que estava no churrasco com o pai.

“Proteção de mãe mesmo, de colocar o filho para dentro. Ia iniciar um novo emprego, voltar a dar aula e aí aconteceu essa tragédia”, disse.

G1 ES